quinta-feira, 6 de julho de 2017

grau de insalubridade

O que é reflexo
imagem se repete
o que dilui insalubre
auto-conhecimento
espelho

livramento

A dualidade que cerceia o livre arbítrio
O pavor estagnado
Restaram lascas de armário
Ardente o fogo que consome o pecado
Morre de boca a boca o estrago
Mais um trago
Levo os dois em papel enrolado
Ao lembrar de qualquer passado
Do futuro esquecimento parágrafo
Paroxítona abstrata que cala
A voz do encurralado
Não restaram unhas e afagos
Do chão onde nunca foi pisado
Evaporam compostos químicos
Serotonina e remédios controlados
De ambos os lados
Onde não serei encontrado
Não serei lembrado
Não serei encontrado

o som da fala

O pouco que nos cala
A boca de vozes afoitas
Rói os dentes e cordas frouxas
O silêncio que intercalada
As camadas de pele grudadas
Nas palavras que exalam
O que de nós restou o acaso
Aceso o cigarro que resguarda
O conforto do pigarro
As causas e resultados
A ferida que propaga
Toda a magnitude do estrago
Dos sorrisos amarelados
Nossos
De paletas intermináveis
Cores frias e instáveis
Num magnífico quadrado
Onde dormimos acordados
Entremeando os retalhos
Cobertas e corpos cansados
O que de nós obstruindo a luz
Nos causa sono imediato
Dentro de ti o que a mim espero
As sílabas tônicas
O compêndio
Te conheço a mim
Moro no que é seu
São tuas as minhas palavras
Onde para sempre me calo

nitrato de sódio

A overdose diária de voz
Que cala a sombra de dúvida
Apaga a chama e resvala
As entranhas e intempéries
Estranha sinergia que emana
Da lógica escura do acaso
Membranas e olhos avermelhados
Somos o fungo que alimenta
O sal da água parada
Bebemos da fonte sagrada
Vitaminas e minerais desperdiçados
No saborear do gozo derramado
Fazemos pouco caso do estrago
O que nos for confortável
Do mecanismo interesterificado
Da sucumbência do afago
Corpo que desliza e acalma
Óleos
Escorrem o afoito que espera
Desperta
Comprimidos e vias respiratórias
A intermitente ausência do ar
Entre dedos e notas amadeiradas
Somos a cama do outro
No mesmo quarto
Simetricamente desorganizado
Somos o próprio espaço
E nutrientes do solo pisado
Muito além das cortinas
Muito além do lado
Somos o verbo
O objeto direto
E todo o permeável silêncio
Somos nitratos